06/10/2021

CRECI-MS alerta jovens para terem cuidado ao buscar emprego em empresas de consórcios


Este ano o CRECI-MS em parceria com PROCON-MS e DECON-MS deflagrou operação conjunta para coibir irregularidades cometidas por empresas que vendem consórcios. Um fato chamou a atenção: a idade média dos “colaboradores”. Todos jovens e a maioria no primeiro emprego. Vamos contar um caso real de uma vendedora que colaborou com o CRECI-MS.

Uma menina que precisa de emprego, necessita manter a casa e seus estudos, pois teve uma perda recente na família, o que complicou ainda mais sua situação financeira. Ela começa a procurar vagas de emprego pela internet e acaba achando um anúncio que dizia: "precisamos de vendedores internos, com ou sem experiência. Início imediato. Treinamento dado pela empresa". Entra em contato pelo WhatsApp e já na primeira conversa marcam entrevista.

A empresa em questão é um consórcio que foi fechado recentemente em operação conjunta pelo Procon/MS, em parceria com a Delegacia Especializada do Consumidor e CRECI-MS. O Conselho constatou irregularidades e casos de propagandas enganosas em relação à venda e negociação de imóveis pela internet. Foram anúncios publicitários em redes sociais e sites de venda com promessas aos consumidores de imóveis com parcelas acessíveis, sem burocracia e sem consulta aos órgãos de proteção ao crédito “SPC e Serasa”.

Já no primeiro dia, uma entrevista rápida e o treinamento. Um rapaz apresenta a empresa: “Somos uma empresa de investimentos que vende carta de crédito e para cada coisa que o cliente quiser há uma lista de carta de crédito do quanto vai pegar do investimento e do quanto o vendedor vai receber. Geralmente era 1% por carta de crédito vendida”.

Para atrair os clientes, a empresa preparava as postagens (fotos e textos) e enviava para que os vendedores postassem em seus perfis pessoais nas redes, que era para dar mais “credibilidade”. Orientavam a postar no Facebook, criar conta na OLX e divulgar para seus contatos no WhatsApp. Tinham que soltar o máximo de postagens possíveis, no máximo de grupos para conseguir o máximo de visualização para que algum curioso visse e ligasse.  A empresa alegava que eram apenas imagens ilustrativas, porém, segundo nossa fonte, as imagens davam a entender que estavam vendendo imóveis.

Com a curiosidade atiçada, o possível cliente entrava em contato, mas não tinha suas dúvidas esclarecidas nesse primeiro momento. A ordem era dar o menos de informação possível com a desculpa manter o sigilo dos dados, forçando o interessado ir à empresa para fechar negócio.  “E eles não citam carta de crédito, eles falam que eram investimentos”.

Para fazer a venda, eram orientados a usar o maior valor possível de uma planilha passada pelos chefes. Por exemplo, se o possível cliente deseja R$ 110mil reais, na tabela existiam os valores como R$ 100mil e R$ 150mil, devia-se oferecer o valor máximo, com a desculpa de que o dinheiro a mais poderia ser usado para investir em outra coisa.

Cada equipe tinha meta de vendas semanal e era cobrada por isso. Porém, não assinavam a carteira de trabalho, pois a empresa não se prendia aos moldes engessados das corporações. Ao invés de direitos trabalhistas, ofereciam muitos clichês motivacionais como “tenha uma mente milionária, faça seu próprio salário etc.”

“Falam que a renda é garantida. No treinamento, falam que o futuro vendedor pode pegar um empréstimo e que com as vendas esse empréstimo vai se pagando. Fazem isso, eles te amarram. Te conquistam por aquilo que você tiver de gatilho”, conta.

Pressionada pela chefia a fechar pelo menos uma venda em seu primeiro dia de treinamento, enviou uma mensagem para uma amiga, apresentando a empresa e os produtos. A amiga só respondeu à noite, avisando que ela deveria tomar cuidado com o que estava se metendo. Essa amiga pesquisou e descobriu que em outro estado uma empresa parecida e que oferecia os mesmos serviços foi fechada pela polícia.

No dia seguinte, resolveu confrontar seus chefes. A chefia argumentou que o caso citado era de outra empresa, uma concorrente que estava manchando o nome das empresas que vendem carta de crédito. O argumento deles era que ter processo não significa que não seja um bom produto, pois, empresas de telefonia têm muitos processos e nem por isso deixam de entregar o seu serviço e as pessoas não deixam de comprar seus produtos.


Após esse confronto, a pressão psicológica. “Usaram da minha necessidade, da minha situação financeira. Disseram que iria poder pagar minhas contas, ajudar em casa, sair dessa situação.", conta, ainda indignada.


Ela então resolveu sair da empresa. Mesmo precisando do emprego, sentiu que não era algo para si. Tempos depois, após muitas denúncias de pessoas que se sentiram enganadas, aconteceu a operação conjunta relatada mais a cima que interditou a empresa.

CRECI-MS alerta jovens para terem cuidado ao buscar emprego em empresas de consórcios

PorAssessoria de imprensa

Atualizado em 06/10/2021 às 14:04